Quando nascemos nosso coração é inteiro. Fechado, envolto, é aos pouquinhos que vai se abrindo e aprendendo o que é o amor e a dor.
Com o passar dos anos vamos nos entregando às paixoes, às esperanças, às expectativas de encontrar a felicidade. E as decepções chegam... e o fechamos!
Nosso erro é fechá-lo com mágoas por dentro, com as feridas que, sem ar, sem a possibilidade de carinho que entre, possam cicatrizar. Por isso pessoas amarguradas podem ficar assim até a morte. É preciso deixar uma fenda onde as tristezas possam se evacuar, onde elas liberem lugar para que o amor entre novamente. Só que é preciso ter o cuidado para não deixar uma fenda grande demais!...
Um coração cansado e carente é uma presa fácil. Pessoas que vivem desgastadas por uma vida inteira onde os sonhos parecem já não mais existir, podem confundir com amor a necessidade de sentir de novo emoção e paixão. Pessoas que encontram a sua alma-gêmea no momento exato que se sentem fragilizadas precisam ter o cuidado para não cair nessa armadilha.
É difícil ser objetivo nessas horas. A monotonia do nosso dia pode fazer com que vejamos as coisas de fora bem mais bonitas do que são realmente. Há um momento onde queremos voltar no tempo da adolescência e sonhar de novo. Nessas horas deixamos uma fenda grande demais no coração e um pouco de atenção, uma palavra carinhosa ou um gesto gentil podem entrar e tomar forma de amor, que na realidade amor nao é: é necessidade! Necessidade de reviver.
Antes de deixar entrar alguém pela fenda do seu coração, jogue fora sua infelicidade. Faça faxina interna, coloque ordem, resolva sua vida. Depois siga em frente... um amor verdadeiro talvez te espere do outro lado, mas então você vai saber que não o tem por carência, mas porque a vida resolveu te dar uma segunda chance.
Letícia Thompson